Tecnologia: A Revolução que Amamos e Tememos.

Você provavelmente deve conhecer alguém que ao entrar em contato com objetos tecnológicos passa a agir de forma confusa e atrapalhada… quase como se estivesse com medo do mal que esse objeto é capaz de provocar.

A maioria das pessoas imagina a figura dessa pessoa como sendo de um idoso que, por não estar familiarizado com os avanços tecnológicos e dispositivos modernos, os trata com estranheza e aversão. Mas a verdade é que essa reação chamada de Tecnofobia pode surgir em diversos tipos de pessoas de todas as idades.

Mas qual a razão disso? De onde vem esse medo?

A Tecnofobia é desenvolvida principalmente por essas pessoas que não são capazes de se adaptar aos avanços tecnológicos na mesma velocidade das demais. Sentem que sua inteligência está sendo insultada ao lidarem com algo que não compreendem. E por isso preferem se afastar.

O medo do novo assola a humanidade desde o seu início. E aqueles que não se adaptam às mudanças ou não conseguem acompanhá-las sempre foram considerados antiquados. Desde o homem das cavernas que se recusava a assar sua carne até o homem que se recusa a usar um Smartphone por achar que ele vai contra o propósito principal de um telefone celular: Se comunicar.

Essa reação é muito comum entre crianças de origem pobre que são expostas de maneira muito brusca a artefatos tecnológicos aos quais nunca tiveram acesso ou idosos que viveram a maior parte de suas vidas sem acesso a esse tipo de artigo.

Saber identificar esse problema é crucial para impedir que as pessoas se retraiam em meio a uma sociedade cada vez mais tecnológica e também para tornar a tecnologia cada vez mais acessível — para que até mesmo aqueles que a temem possam usufruir de seus benefícios.

Quando o sociólogo Stanley Cohen (1942-2013) cunhou esse conceito através dos seus trabalhos a partir da criminologia (em sua obra “Folk Devils and Moral Panics”, de 1972), estávamos distantes da “ameaça” que hoje a tecnologia representa especialmente para essa atual geração de seres entre 6 e 20 anos.

Paradoxalmente, tal faixa etária (Geração Z) é composta justamente por indivíduos que já nasceram dentro dessas novas tecnologias (internet, redes sociais, automações) e que, por tal, são grandes usufrutos da mesma!

Evidentemente, o uso consciente das inovações contemporâneas por parte desses nativos digitais ainda precisa de maiores cuidados: as facilidades das ferramentas modernas que hoje possuímos carregam também diversos comportamentos desadaptativos como baixa tolerância ao esforço, distorções perceptivas em relação à autoimagem, empobrecimento de habilidades sociais, dentre outras disfuncionalidades psicossociais relevantes e essenciais para o bom desenvolvimento do sujeito.

Todavia, se até mesmo o telefone foi tido certa vez como “um retrocesso à privacidade das pessoas” e as palavras-cruzadas como “um vício danoso à mente e à produtividade humana” (sim, acredite!), torna-se até compreensível o medo atual de como essas inovações serão no futuro quando consideramos o receio que temos, quase que de maneira inata, ao desconhecido.

Mesmo assim, com facilidade podemos compreender que nunca foi algo do objeto em si, mas sim do mau/mal uso do objeto em si (ou você já se deparou com um telefone que roubou a intimidade de alguém sem que este mesmo alguém não tenha usado deste telefone para falar da sua intimidade com uma outra pessoa?)

Portanto, assim como aconteceu com tantos avanços da raça humana durante a história, é bem provável que daqui há alguns anos estejamos nos perguntando sobre esse medo da tecnologia atual e como nos atrasamos por coibi-la veementemente em escolas, junto a crianças e outros espaços sendo resistentes às suas benfeitorias. Ou seja, em vez de nos educarmos através de uma consciência digital para o seu bom uso preferimos (ou melhor, tentamos...) erradicá-la do nosso convívio social sob a acunha do temor.

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E quando tudo isso passar não tenha dúvidas: teremos uma outra criação humana para atribuir o nosso indissociável pânico moral...